A Verdadeira Igreja Esquecida

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Há quem afirme, com muitas razões, que as mulheres, no domingo pela manhã, foram ungir Jesus, por terem esquecido do que Ele afirmara quanto à ressurreição ao terceiro dia; nisto só os sacerdotes, incrédulos, não esqueceram, e por isto colocaram guardas na porta do sepulcro.

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Não é de agora que muitos pregadores e escritores têm cometido a mesma gafe dos apóstolos. Há um esquecimento geral sobre quem é realmente a igreja de Cristo neste mundo. Assim, e por isto, muitas afirmativas têm criado uma situação de “apavoramento”, fazendo de seus criadores, teólogos, professores, pregadores e articulistas em geral (incluindo, também, aí, pasmem, até os calvinistas com o entendimento supermensurado da soberania e domínio de Deus, na Graça, sobre tudo e todos, principalmente em relação à igreja de Cristo) homens reconhecidos como muito conhecedores da realidade da tal igreja, e por isto muito cotados quanto ao que insistem ser o momento moderno ou pós-moderno da santa igreja de Cristo, no entendimento popular ou científico do assunto.

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MARCAS NA IGREJA LEMBRADA

Faz parte do cabedal de ensinos, nestes quilates, a realidade de uma igreja imensa, cheia de multidões salvas, com adeptos saindo pelo ladrão; uma igreja que disputa com o islamismo o seu tamanho ou seu crescimento; uma igreja que está em disparada, interiormente, competindo onde os evangélicos ou os católicos estão em maior número ou em crescimento vertiginoso; uma igreja que tem prazer de afirmar que este ou aquele país é de Cristo. Vive de fantasias, de disputas falsas, de afirmativas aparentemente positivas, para poder medir forças com o mundo em geral.

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Outra afirmativa que se alimenta é quanto a idéia de haver desarmonia no seio do Corpo de Cristo, por um ou outro motivo. Pregam uma igreja que consegue viver antagônica consigo mesma, onde as igrejas pertencentes não conseguem convergir, onde os crentes precisam constantemente serem exortados a saírem de seus egoísmos, de seus mundos particulares, de seus espaços denominacionais, de suas práticas partidárias, de suas atuações particularizadas. Neste bojo de afirmação, juntam igrejas chamadas tradicionais, pentecostais, neo-pentecostais, e agora já mencionam as pós-pentecostais.

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Nesta igreja tão lembrada, há os que vêem o mundanismo proliferando; crentes comprometidos com o pecado, com vidas dúbias, com comportamentos acarnavalescos, com práticas absorvedoras dos muitos prazeres que a carnalidade possa oferecer. Há livros inteiros mencionando uma igreja moderna que para “ganhar os gregos” são capazes de fazer qualquer coisa que os gregos gostem de fazer, ou não queiram abrir mão depois de uma “conversão” que digam ter. Nesta igreja tão “badalada” não há mais diferença entre o clube dançante, o trio elétrico saltitante, e as vidas vazias (que precisam sempre de muito barulho) em busca de provarem a si e aos outros que são os “crentes” que todos querem que sejam.

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Também, nesta igreja lembrada, o ecumenismo, em todos ou em vários níveis, é algo que se deve perseguir. Neste intuito, tudo se pode negociar, inclusive o que se crer, o que se acredita que deve ser e fazer, o que se prega, e tudo mais. O importante é estar na massa, fazer o que todo mundo faz, repetir o que parecer dar “certo” com os outros. Não ser diferente do que são ou fazem. Esta igreja não deve ter identidade para que seja real o espírito e os objetivos da Nova Era, mesmo que com uma roupagem aparentemente bíblico-cristã.

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Outra afirmativa que fazem sobre a igreja que lembram é a existência de distorções, erros doutrinários, paganismos ritualistas; conchavos feiticeiros, mágicos, místicos, de toda ordem para promover aparente poder espiritual e todo tipo de atração materialista em nome da fé ambiciosa que os incautos possam ter. Neste reconhecido falso Corpo de Cristo o animismo é velado, praticado, incentivado, totalmente demarcado, a partir do entendimento errôneo do que seja demonismo ou exorcismo segundo a novel teologia judaica nos tempos de Jesus, que não teve nenhum interesse de refutar, como fez, também, com o messianismo político, a exclusividade judaica no Reino de Deus, e outros temas.

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Ainda afirmam sobre a igreja que lembram, a existência do mercantilismo, da compra e venda de salvação, de bênçãos, de proteção, de riquezas, de poderes sobrenaturais e outros benefícios só interessantes a ímpios que buscam a religião apenas para alcançar estes favores divinos. Dizem estas cousas como algo normal, mesmo que erradas, ou defendidas, na convivência da igreja cristã. Argumentos não faltam para juntar esta prática, como as outras, na lista de atribuições entre os salvos, ou no mínimo, como retrocessos possíveis a tais salvos.

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Nos discursos que estão sempre fazendo, como “peritos observadores da igreja de Jesus Cristo no mundo”, estas incoerências, e outras tantas com mais ou menos gravidade, são ventiladas como naturais, comuns, normais no seio dos relacionamentos da muitas e variadas igrejas e denominações cristãs. Esta igreja lembrada por todos tem vivido tudo isto, e ainda não chegou ao máximo do que irá produzir, pois um abismo vai atraindo outro abismo, e não há limites para a criatividade humana, principalmente no setor religioso de suas existências.

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A VERDADEIRA IGREJA ESQUECIDA

Ao contrário de tudo isto que é muito lembrado, a Bíblia nos informa uma igreja que tem sido esquecida. Há três marcas básicas na doutrina desta igreja que nunca deixou de ser ela mesma, que sempre existiu. Também há três outras marcas históricas que têm determinado a verdadeira igreja de Cristo. Estas marcas vão de encontro a tudo que se tem visto como normal, comum, na igreja sempre lembrada. Estas marcas demonstram de verdade, que a Soberania de Deus é real, Ele tem total controle da situação mundial, total controle de Sua Igreja neste mundo. Nada está fora do Seu planejado.

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A verdadeira igreja de Cristo, a esquecida, baseia sua existência, vida e atuação naqueles princípios básicos, teológicos, que na Reforma Protestante foi relembrada por Lutero: só a fé, só a Bíblia, só a Graça. Somente a fé no sacrifício vicário na cruz, e nada mais, é suficiente para o perdão, a regeneração, do pecador, dando a ele a condição de herdar a vida eterna no céu; nesta doutrina subentende-se o que somente menos de 1% da igreja conhecida crer: a impossível perda de salvação. Somente a Bíblia é a Palavra de Deus; Ele, depois da vinda de Jesus, só fala pelo Filho, e este está testificado nas Escrituras; assim só são nobres os que confirmam na Palavra o que se tem dito ser da parte do Senhor; portanto 99% da igreja reconhecida tem, além da Bíblia, como Palavra Inspirada de Deus, seus fundadores e líderes, sonhos e pseudo-revelações. Também, somente a Graça de Deus nos protege e nos prepara para a eternidade com o Senhor; ela produz tudo necessário para nosso crescimento espiritual, nos fazendo cada vez mais parecidos com Jesus. Isto quer dizer que tudo e todos que não vivem estes princípios, podem ser o que for, não são a igreja de Cristo.

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Da mesma forma, toda igreja que, historicamente, esteja fora do PPP (poucos, perseguidos e proclamadores) não são a Igreja do Senhor Jesus. São três marcas que tonificam a existência desta igreja esquecida. Nada neste mundo, projeto nenhum, programa ou sistema qualquer mudará o que Deus já sabe desde o princípio de tudo: “somos um povo bem pequeno”; pouquíssimos passam pela porta e o caminho estreito. Da mesma forma, nada há que impeça a igreja de sempre viver, fora dela ou o que é mais dolorido, dentro dela, a perseguição; ela sempre estará na contra-mão dos modismos, da maioria; é daí que sempre terá nomes pejorativos para apontá-la, como nazarenos, cristãos, anabatistas, protestantes, evangélicos, crentes, tradicionais, e outros que virão. Também, a igreja verdadeira é proclamadora, divulgadora, no sentido de distribuir o evangelho por todos os cantos da cidade, do Estado, do país e do mundo, nunca usando um psedo-evangelho para concentrar números e poder no seu rol de membros.

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A verdadeira igreja de Jesus Cristo é apenas um remanescente, um resto, uns poucos, nada além disto. A igreja sempre foi uma clandestina, uma não-reconhecida, uma pouco-visível. Esse tipo de igreja não é interessante aos pregadores, aos escritores, ao mundo em geral, pois ela não satisfaz os anseios megalomaníacos que o coração carnal precisa. Esta igreja sem poderes, sem graça, sem presença é exatamente o que Paulo entendeu como recado do Senhor aos seus reclames: “a minha graça te basta, pois é na tua fraqueza que o meu poder se aperfeiçoa”.

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A verdadeira igreja de Cristo esteve sempre fora dos grandes aglomerados de comunidades e organizações nos primeiros séculos, na formação e desenvolvimento da igreja católica e seus muitos Orígenes-Tertulianos-Agostinhos e papas em geral, no surgimento dos novacianos-paulicianos-montanos da história, na grande maioria dos anabatistas, em muitos casos dos reformadores, nas extravagâncias dos Reavivamentos rebeldes à igreja contemporânea, nos surgimentos heréticos do século 19, na explosão místico-pentecostal, na contaminação neo-pentecostal, nas efêmeras contextualizações denominacionais e nesta chamada pós-modernidade evangélica. A igreja de Cristo nunca participou de tudo isto, mesmo que todas estas coisas, direta ou indiretamente saíram dela pois não conseguiram promover tudo isto dentro dela. Esta igreja é uma pequena massa invisível, como invisível eram os sete mil que não se dobravam a Baal.

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A verdadeira igreja de Cristo, esta que não é lembrada, não é formada pelo joio, embora os tenha até como membros e líderes das igrejas locais; ela é formada basicamente pelo trigo, por ovelhas que foram lavadas no sangue do Cordeiro. Pessoas transformadas, dotadas de nova natureza, da direção e atuação do Santo Espírito de Deus. São pouquíssimos, mas são a Igreja, Corpo do Senhor Jesus neste mundo. Nesta igreja esquecida não há imperfeições, não há máculas, não há rugas; Jesus Cristo promoveu tudo necessário para que ela seja a sua noiva amada e eterna. O Senhor Todo-Poderoso é soberano, tem total controle sobre ela, nada e ninguém consegue modificar esta situação.

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Aí está a verdadeira beleza da Igreja de Jesus Cristo, a esquecida.

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Igreja Batista Central.cbb

Pr.Jônatas David

Teixeira de Freitas BA, 12 de Novembro de 2009

www.iigreja.com.br , http://iigreja.blogspot.com/2009/03/nota-oficial-da-ibc.html

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